quinta-feira, 29 de julho de 2010

Imprescindivelmente Feliz

O que é a felicidade? Como alcançá-la? O que devemos fazer para ser plenamente felizes? Parece que algumas perguntas desse gênero nos alfinetam a cada segundo, durante nossa vida. E o mais doloroso de tudo, é que não há um resposta. É uma variável, e depende das perguntas de cada um. Não há um manual, uma fórmula, um código a seguir. Sabemos que a felicidade é algo totalmente necessário para que vivamos em paz, e principalmente com saúde. Afinal, alguém já viu remédio melhor do que um sorriso? Com a felicidade você conquista TUDO. Abre portas, constrói castelos, muda coisas que nunca imaginou mudar. Mas o que te deixa feliz? Geralmente quando perguntamos às pessoas qual é seu maior sonho, a primeira resposta que vem à cabeça é: ser feliz. Entretanto, ser feliz tem seu significado? Como eu já disse, não é uma resposta geral e absoluta, que responde às perguntas de todos; cada um de nós precisa encontrar a sua própria fórmula, o seu próprio jeito de ser e fazer feliz. Há os que passam a vida esperando que a felicidade venha até nós... Esperam, esperam, esperam... Alguns morrem esperando, sem nunca terem sido felizes. Outros cansam de esperar e se entregam à profunda tristeza. Mas há outros, que se propõem a entender e encontrar essa tal dessa felicidade. Estes seres, que em minha concepção são unicamente iluminados, conseguem perceber que a felicidade reside em um lugar inacreditavelmente próximo e acessível: dentro de nós mesmos. A felicidade está dentro de cada um e ela pode ser incondicional, dependendo de cada um. Quando você a descobre dentro de si, passa a perceber que tudo à sua volta te faz feliz. Você não depende do tempo para estar feliz. Nem do dinheiro. Nem das pessoas. Nem da paisagem. Nem de realizações profissionais. É claro, todas essas coisas contribuem para o estímulo dessa felicidade, mas ela não depende de nenhuma delas. Ela é interna e única, como se fôssemos seres de luz própria. A felicidade é como o sol - aquece e ilumina, independente das coisas que estão à sua volta. Porém a tristeza é também necessária, em algumas horas da vida. Senão, seria fácil demais. Como tudo precisa dos dois lados pra funcionar, para sentir a felicidade fluir, nada melhor que sentir o gosto da tristeza. Decepções, saudades, ciúmes, raiva. Todas essas coisas, têm um único e onipotente antídoto: o sorriso. Ele resolve qualquer problema, tem o poder de mover montanhas. Mas, não é possível querer que ele venha até nós. Temos que ir em busca dele, a cada dia. A cada momento tentar enxergar as coisas boas, mesmo que o momento não seja dos melhores. Temos que fechar os olhos, sorrir, e nos concentrar num pensamento positivo de que tudo vai melhorar, se quisermos. Otimismo demais também não leva à nada, diga-se de passagem; é esse o mal das pessoas que esperam demais. O otimismo é o conforto de quem tem preguiça de buscar a felicidade... Ele induz as pessoas a pensarem que tudo vai dar certo porque o destino é assim. E aí a vida passa... Passa... E com 80 anos de idade a pessoa resolve virar o jogo e começar a sorrir pro mundo. Não que seja tarde; pelo contrário - acredito na concepção que sempre é cedo. Mas não é tão benéfico pois depois de muitos anos bate aquele arrependimento natural, aquela voz que fala ao seu ouvido sem querer, "Eu podia ter feito isso antes..", e aí já não tem mais jeito. Portanto, não é idiotice sorrir à toa. Sorrir só de ver um casal de velhinhos apaixonados. Sorrir quando um gato pede carinho acariciando sua perna. Sorrir quando um bebê vai no seu colo. Sorrir para uma pessoa com um olhar de afeto na rua, mesmo sem conhecê-la. Sorrir ao ver quão lindo é o pôr-do-sol. Sorrir contando as estrelas. Sorrir sentindo o vento no rosto. Sorrir percebendo como é incrível a luz da lua. Sorrir ao ganhar um elogio sincero. Sorrir ao sentir orgulho de si mesmo. Sorrir pensando em lembranças gostosas. Sorrir. Apenas sorrir. Sem causa, sem motivo. Sorrir é bom, é saudável, principalmente. Pois quando não há motivo pra isso, é notável que a felicidade então se torna algo independentemente constante e necessário. Quando começamos a sorrir à toa, percebemos que é tão bom, que faz tão bem, que não queremos mais parar de fazê-lo. Um dia uma sábia escritora pôs no papel uma ideia que admiro muito, e que uso também para minha vida. Eu analiso a frase todos os dias. Como uma terapia, um ritual: "Não tenho tempo para mais nada, ser feliz me consome muito." (Clarice Lispector); Não significa que temos que parar a vida, sentar no chão e passar todas as horas sorrindo como seres acéfalos. Logicamente não. Mas, na minha concepção essa frase tem uma sutileza muito bela, expõe o pensamento de que, não precisamos de tempo só pra sorrir. Podemos fazer isso acompanhado à outras coisas. Podemos não - devemos. Se tudo que nos propusermos a fazer, fizermos com uma boa dose de alegria, a única certeza é que no final vai funcionar. E mesmo que não funcione, poderemos ter o orgulho e capacidade de olhar pra trás, e com um enorme sorriso no rosto, dizer: eu tentei, com toda alegria que possuo no coração. Portanto, se um dia me vires sorrindo na rua sem motivo, apenas por sentir o sol batendo em meu rosto, não me pergunte o porquê. Só retribua com outro sorriso, isso será o bastante para que eu continue sorrindo por um bom tempo. Talvez esse bom tempo seja tão grande, que nunca tenha fim... Talvez esse seja o motivo do meu sorriso inicial. :)

quarta-feira, 28 de julho de 2010

O livro e a capa

Se tem uma frase comum de se escutar é essa... "Não julgue um livro pela capa". Todo mundo fala, repete, faz questão de dizer sempre; e antigamente tinha um lado mais do negativo pro positivo, quando olhamos uma pessoa de má aparência e a julgamos mal, enquanto a pessoa é de bom caráter, etc. Hoje em dia na maioria das vezes é diferente... Só é possível julgar com convicção alguém que tenhamos a oportunidade de conhecer realmente, na íntegra, por inteiro, cada defeito, cada qualidade. Depois desse processo completo podemos falar apenas a nossa opinião sobre o caráter de determinada pessoa, e não julgar como boa ou ruim, afinal, cada um tem seu jeito de ser e isso não é designado pelas opiniões alheias, mas pelas atitudes de cada um. E ninguém é melhor, nem pior... é apenas único. Mas, pra não fugir do foco, já dizia minha avó: "Por fora, bela viola, por dentro, pão bolorento." E não há verdade mais pura... Quantas pessoas lindas por aí, com roupas das melhores marcas, dentro dos melhores carros, dotados dos melhores salários, e que com tudo isso, não valem de nada? De que adianta ser tão bem afortunado para coisas físicas e materiais, se são pobres de espírito? Muito mais vale alguém que se encaixe dentro dos padrões normais de aparência, e seja uma pessoa constituída de qualidades, do que alguém que se mostre esteticamente perfeita, e não sirva nem pra tomar um café na esquina. Enfim, nos dias contemporâneos infelizmente vivenciamos uma ditadura que provém da aparência; só os belos têm vez na maioria dos lugares, só são bem aceitos em sua maioria quando apresentam uma estética razoável, e não importa se são dotados de uma inteligência absurda, de um caráter mágico. Hoje em dia, infelizmente, não é isso que conta. E conseguimos perceber que pessoas realmente cultas são desvalorizadas em meio ao mundo, são dificilmente aceitas e sua credibilidade por partes, em certos aspectos, é perdida por conta de sua aparência. São raros os casos e lugares onde isso não acontece; onde as pessoas têm a chance de demonstrar que são muito mais do que a face aparenta, muito mais que aquele rosto consumido pelo sofrimento e a angústia. E isso, não podemos saber. Como julgar uma pessoa se não sabemos por quais coisas ela passou, quantas peças a vida lhe pregou? E como exigimos isso dos outros hoje em dia. E como exigimos de nós mesmos. Às vezes esquecemos de nossas próprias qualidades em função de nossa aparência; seja porque não estamos usando uma roupa da grife mais cara, ou porque nosso cabelo não é liso como a sociedade exige que ele seja... Nós nos esquecemos de onde viemos, de como nosso coração é belo. De como gostamos de ajudar as pessoas, de como somos inteligentes, esforçados, dedicados, capazes. Não podemos deixar de lembrar de nossas qualidades internas, com o tempo e reconhecimento ganham força e acabam transparecendo; acontece muito de, quando olhamos alguém pela primeira vez achamos relativamente feio, e com algum tempo de convivência, quando você percebe que essa pessoa é incrivelmente encantadora, sua opinião muda e você começa a achá-la uma das figuras mais lindas que seus olhos já viram. É normal. A pessoa te conquista de uma forma que, é fácil perceber nela suas maiores virtudes, e isso acaba te abrindo os olhos de maneira a ver que a pessoa é inacreditavelmente bela. Mas, como a beleza está nos olhos de quem vê, muitas vezes é difícil de tentar parecer agradável a ponto de alguém achar bonito, dependendo desse alguém. Não adianta tentarmos forçar o que não somos para agradar ao próximo. Sempre tem alguém que se mostrará insatisfeito. Seja por inveja, ou falta de sensibilidade perceptiva, ou até por má vontade - não se pode agradar à gregos e troianos. Então, quando nos aconselham a sermos nós mesmos é por esse motivo. Você vai passar por aprovações e desaprovações que irão ajudá-lo a crescer como pessoa - mas isso você só consegue se revelar de corpo e alma que realmente você é. Tenha orgulho de si. Com suas qualidades e defeitos, seus vícios e suas virtudes. Se você é moreno, loiro, baixo, alto, engraçado, sério, inteligente, retraído... Você é lindo. Lindo porque você é único. Só você é você. Cada órgão do seu corpo é inimitável. E a beleza está na peculiaridade de cada um, só basta que não nos esqueçamos que a pessoa mais linda do mundo, é aquela que existe dentro de você.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Constantemente Mutável

Mudar. Palavra que nos cerca a cada momento de nossas vidas, a cada olhar, a cada atitude, a cada decisão. Mudanças são sempre necessárias e, querendo ou não, tudo muda, a cada instante, e por mais que não gostemos às vezes, é natural. Temos que nos acostumar com a ideia de que nada nessa vida é permanente; isso pode ser confortável quando temos algo a enfrentar, quando conseguimos emergir do problema de tal forma que conseguimos enxergar que daqui a pouco tal coisa irá passar. Até porque sempre há um ombro amigo para nos falar que tudo passa, e isso nos deixa perfeitamente confortáveis, porém não quer dizer que devemos deixar que as coisas aconteçam porque uma hora irão passar, temos que enfrentá-las sim, mas a certeza da mudança é um anestésico para que possamos tranquilizar-nos em nossa caminhada. Chico Xavier não era nenhum deus, admiro-o em alguns de seus feitos, porém, não é um de meus ídolos. Dentre as coisas que admiro, em uma de suas falas ele diz que costumava ter em cima de sua cama uma placa escrita 'isso também passa', que servia para lembrar-lhe que, se estamos passando por problemas, isso um dia vai passar, mas para não esquecer que, mesmo em momentos de intensa alegria devemos lembrar que, como nada permanece igual, a calmaria irá embora em breve. E ele nunca disse algo tão verdadeiro em toda sua ilustre vida. Impressiono-me ao lembrar de como meus pensamentos eram diferentes dos atuais, em vários aspectos. A maneira de falar, vestir, andar, pensar, julgar - TUDO. Claro que há coisas intrínsecas em nossa personalidade que mudam numa escala menos ampla, mas a maioria das coisas que nos acontece muda de maneira formidável. Enfim, essas mudanças acontecem em puro benefício da raça humana. Pois imagina se fôssemos ainda seres com a mesma cabeça que tínhamos há alguns anos? Por muitas vezes fomos seres impensantes, comparados às descobertas e invenções de hoje em dia. A mutação dá movimento à vida, as mudanças caracterizam alguma evolução, até que seja pouca; Nem sempre as mudanças acontecem pra melhor, mas elas indicam sempre algo positivo, pois as coisas ruins tendem a melhorar e, as boas, também. Na minha concepção positiva e otimista, é claro. Mudanças ocorrem a cada milésimo de segundo, e isso nos faz sentir saudades, assim como nos ajuda a querer viver mais, quando são boas essas mudanças;
Elas dão graça e movimento à vida, representam evolução e ocorrem em movimentos revolutivos, que nunca deixam que os acontecimentos fiquem estagnados. Essa é a essência. Imaginemos que todos os dias fossem iguais ... Se sempre fizesse sol, ou sempre chovesse. Se todos os dias fossem muito bons, uma hora ou outra ia perder a graça. Precisamos conhecer o ruim pra achar o bom, o escuro pra achar o claro, o salgado pra achar o doce. E as mudanças têm essa função: movimentar nossos gostos, pensamentos, atitudes, opiniões e tudo à nossa volta. Portanto, não se entristeça se estiver passando por uma fase muito ruim, e nem se acomode se estiver numa muito boa. Levante a cabeça sempre, porque o mundo dá voltas e tudo muda, a cada instante. Queira sempre melhorar, mais e mais; Por mais que já esteja tudo perfeito, nada é tão bom que não possa ser aprimorado. Tente, faça, escolha, pense, ouça, fale, se permita, e principalmente, mude.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Era uma vez ...

... o medo. Era ele um sentimento muito triste, e por mais que sempre estivesse acompanhado de outros sentimentos, tal como o desespero e a solidão, continuava a se sentir só. Talvez porque afastasse as pessoas. Ou talvez, porque nem dava tempo de estas se afastarem, elas simplesmente não queriam nunca tê-lo por perto. O medo vivia chorando pelos cantos, triste por estar sempre sozinho. Sabia que, mesmo que habitasse muitos corações, mais cedo ou mais tarde esses corações se veriam livres dele, pois em antagonismo ao medo existia um sentimento muito mais forte e bonito, que se chamava coragem. Era intenso, e quando invadia a alma de alguém, geralmente trazia consigo o orgulho e a felicidade, cujos sentimentos devastavam o medo sem precisar de muito tempo, e eram agradáveis a qualquer tipo de ser humano. Todos gostam de ter perto de si um sorriso que ilumine seus caminhos, e principalmente um grande percentual de orgulho que lhe dá forças para seguir em frente, portanto, o medo vivia com medo de um dia ter que abrir espaço para o tal sentimento da coragem. Mas, como sempre, havia exceções que alimentavam o medo, e não deixavam que ele fosse embora. Nunca. Ele encontrava naquele coração um abrigo, quando invadia-o com tanta força que era difícil arrancá-lo de lá; quando isso acontecia, costumava-se dizer que ele agiu com tanta intensidade que causara um trauma. O trauma é caracterizado por um medo muito forte que sentimos uma vez na vida, e em função de nossa memória psicológica, em nossos pensamentos ele habita por um bom tempo, ou às vezes, pela eternidade. Deixar traumas era o passatempo preferido do medo. Ele sabia que se juntasse suas forças para um dia conseguir fazê-lo, teria a garantia de que um dia poderia voltar a habitar naquele coração ferido, na primeira oportunidade que tivesse. A vida do medo então, resumia-se assim. Vivia triste e calado, e seu único medo era de ficar sozinho. Porém, um dia o medo conheceu uma menina. Ou uma menina conheceu o medo. Pela primeira vez ela conheceu o medo. Mas era uma menina diferente. Era forte como uma pedra, e corajosa como um leão. E tinha uma característica que só ela tinha: seu coração não era como os outros. Não era feito de carne, nem de sangue. Nem de veias e artérias. Seu coração era feito de cristal. Era frágil... Porém com um brilho peculiar, que só ela possuía, e era possível notá-lo através de seus olhos. Seu sorriso e seu olhar emanavam um brilho perfeitamente intenso e claro, que encantava a todos por onde ela passava, e consequentemente deixava marcas nos corações de todos que tinham a bela oportunidade de conhecê-la. Ela carregava consigo uma grande vontade de viver. De curtir, de amar, de sentir, de apaixonar, de ver, de sonhar... De conhecer. Conhecer o mundo, descobrir sobre tudo o que para ela mostrava-se misterioso. Como o medo. No primeiro dia em que ela se deparou com o medo, ela quis saber porque sentira aquilo. Se era tão corajosa e tão forte, por que tivera o sentimento de estar só? De desconhecer? Ou até mesmo de não ter a coragem de tentar conhecer? Porque o medo é isso. É o desconhecimento de algo. Temos medo de quase tudo aquilo que não é conhecido. Quando paramos para analisar a fundo sobre o que nos dá medo, ele se esvai. Ela parou para se perguntar porque o medo a invadia sempre que estava em plena escuridão. E depois de pensar, e pensar, e pensar, descobriu que era porque não conseguimos ver o que nos rodeia já que estamos na escuridão; Se todas as vezes que sentirmos medo sob essas circunstâncias, tivermos a coragem de levantar e acender a luz, descobriremos que o medo já não é parte de nós. Descoberto isso, ela resolveu tentar de novo sentir medo. E começou a fazer coisas que pudessem fazer com que ela voltasse a sentí-lo. Um dia resolveu fugir. Pois admitia e reconhecia que o único medo que jamais a deixava, era o medo de perder aqueles que ela amava. O medo de viver só. O medo de sentir medo. Fugiu do lugar que morava com as pessoas que ela considerava as melhores que já vira, para tentar ajudar o sentimento que sentira uma vez para nunca mais. Fugiu numa tarde de sol, e foi parar num lugar que nunca havia visto antes. Caiu a escuridão, e ela se lembrara de que havia superado este medo pois acendera a luz da última vez que isso havia acontecido. E foi escurecendo, escurecendo, escurecendo; E dessa vez, não havia luz. Não havia abajur, não havia vela, não havia nada. Apenas ela. Ela e a sua maior fonte de luz: o seu coração. Lembrara que este era constituído de um material único, que apenas pertencia à ela. A menina não admitia sentir medo da escuridão. Sabia que já o havia superado, e apenas queria voltar à sentí-lo para conversar com ele, e saber porque este sentia tanta necessidade de invadir os corações alheios. E então ela caminhou... E andou, andou, e não chegava nunca a lugar nenhum. Só encontrava-se num breu que nunca havia ido antes. Depois de muito tempo caminhando, ela se sentiu muito sozinha, e sentiu um frio repentino arrepiando todos os pelos de seu corpo. E sentiu alguém lhe dando a mão. Olhou para o lado, e não viu ninguém. Porém, sua mão permanecia grudada à outra. Perguntou quem era, e em resposta ouviu uma voz fria apresentar-se como solidão. Em seguida a voz perguntou o que uma menina dotada de um brilho tão intenso fazia sozinha no meio de tanta escuridão, e educadamente a menina respondeu que procurava pelo medo. A solidão, assustada, admirou-se pois pela primeira vez vira alguém correr atrás de seu velho amigo, o qual geralmente fazia as pessoasse afastarem. A menina explicou para a solidão que não queria mais sentir medo, nunca mais. Mas tinha ciência de que, para isso, ela precisava conhecê-lo melhor, para constatar que este não era tão ruim assim, e em consequência disso, não se deixar mais invadir por ele. Apavorada, a solidão soltou a mão da menina e se foi. Triste, a menina continuou a andar, andar, andar... E se sentiu ainda mais triste pois nem a solidão a queria por perto. Ela começou a sentir medo. Medo de não conseguir voltar, medo de ficar ali sozinha. Medo dela, medo de tudo. E então, ela encontrou o tal do medo. De tanto medo, a menina não se segurou e derramou lágrimas, e agora na companhia do desespero, gritou para o medo: " -Por que fazes isto comigo? Eu fiz alguma coisa para merecer um dia sua companhia?". E o medo, tristonho, respondeu:"- Viestes atrás de mim. Por que? Por que teve que mudar minha rotina assim? Nunca ninguém me quis por perto. Sempre afugentei a todos de minha presença. Tenho medo do que você possa querer comigo. Por isso, tenho que ficar aqui. Sentindo medo, você não terá mais coragem de procurar por mim. E essa escuridão repentina vai permanecer eterna na sua vida". A menina começara a procurar no chão algo que pudesse ajudá-la a concluir a ideia que invadira sua mente. Quando finalmente achou, aos prantos, gritou para o medo: "- Meu coração é tão nobre que não merece ter perto de si alguém como você, medo. Você é digno de sentimentos realmente tão pobres quanto você, tal como o desespero, a solidão, e principalmente a pena. Que isso lhe sirva de lição para que você não volte a habitar na minha vida, e muito menos penetre no meu coração". Sem hesitar, a menina enfiara o objeto em seu peito, e arrancara fora o seu coração. O medo escondera-se ao ver brilho tão forte e verdadeiro, tão digno de admiração. A menina sobrevivia de pé, segurando no alto o que sempre dera-lhe luz, em todos os momentos de sua vida. O cristal tinha uma luz que não se apagava por nada, até que a coragem chegou perto, tomou da menina o que tinha nas mãos e colocou de volta no mesmo lugar. Disse:"- Vieram comigo o orgulho, a emoção e a felicidade. Agradecemos todos por ajudar-nos a levar deste lugar tão triste o medo". A menina caiu no chão, fraca, sangrando, com seu coração mais frágil do que sempre fora, mas ao mesmo tempo, de alma lavada. Sentiu que cumprira sua missão aqui. Permanecera deitada, acalentada pela coragem, pelo calor de seu cristal, e pela verdade de suas lágrimas. O orgulho veio parabenizá-la, e trouxe em suas mãos um par de asas, que agora pertenciam à menina. Quando a felicidade chegara de mãos dadas com o amor, este disse à ela: "- Não precisas mais permanecer aqui. O brilho proveniente de seu sorriso iluminou à todos deste lugar e me trouxe de volta. O medo não voltará a chegar perto de nós. Você já pode ir para o lugar de onde veio, de onde mandaram-na para cá, com o objetivo de ajudar-nos. Sua missão está cumprida, pode descansar em paz". Ao final de sua fala, as asas juntaram-se à mennina de modo que fizessem parte de seu corpo, e, com um sorriso estampado no rosto, cuja expressão agora era molhada de lágrimas, porém de alegria, subiu aos céus emanando aquele brilho que só ela tinha. O brilho de seu coração, que era revestido de cristal... Mas por dentro, o que é mais importante, era repleto, recheado, feito e detalhadamente constituído de amor.

terça-feira, 6 de julho de 2010

A estupidez da Preconceituosidade

Em 18 anos de vida, sinceramente, não ouvi falar em coisa mais burra do que o preconceito. Afinal, o que ele é? Preconceito - Pré-conceito. Na minha concepção, tudo o que é pré, referindo-se a julgar algo, é uma coisa estúpida. Pelo simples fato de que não temos o direito de opinar sobre aquilo que não conhecemos. E é o que acontece na lógica do preconceito... Nos afastamos das pessoas cujas personalidades julgamos ser inferiores às nossas; Mas inferiores em relação a que? Raça, cor, naturalidade? Isso é triste. Pertencemos a um mundo onde todos somos iguais, independente da condição financeira, todos nascemos nas mesmas condições e morremos também nas mesmas. Obviamente, uns têm mais oportunidades ao longo da vida, outros menos. Mas independe dessas condições básicas, o importante é ter força de vontade e, sendo negro, branco ou pardo, lutar para conquistar seu lugar ao sol. Lembrando que isso não é um discurso socialista, JAMAIS; Entendo que o capitalismo exige uma certa "distinção" econômica e financeira, mas nem por isso temos que julgar os que são inferiores à nós nesse sentido. Enfim, muito me incomoda esses tipos de atitudes que chamamos de preconceituosas. Temos que nos aprofundar nas almas dos nossos conterrâneos de mundo, para conhecê-los melhor, e tentar entender o porquê de termos certa dificuldade em aceitar que vivam no mesmo mundo que nós. Eu sei, é um absurdo. Mas ainda existe gente assim. Em termos de raça, o fim do apartheid já foi um grande passo para a evolução do processo do fim do racismo, mas isso na teoria. O racismo já é crime, com pena de reclusão e tudo. Mas e aí, na prática: as pessoas se importam? Julgamos as pessoas pela cor da pele delas, isso é inaceitável! Por que cargas d'água um africano é melhor que um europeu tirando o poder aquisitivo? De coração e de alma, tenha certeza, o africano ganha de lavada. Pode ser que nosso capitalismo fale mais alto para responder a essa pergunta, mas de verdade, não devia. Quanto à xenofobia, que também é uma forma de preconceito na minha opinião, é um pensamento sem sentido; Tudo bem ser patriota - sou, e muito. Mas patriotismo é totalmente diferente de etnocentrismo, e por esse e várias outros motivos, não podemos julgar as pessoas pelo lugar em que nasceram, por Deus! O poder aquisitivo também não demonstra nada - podemos perceber o interno das pessoas pelas suas atitudes, e independe de serem ricas, pobres, milionárias ou miseráveis, isso não é medidor de alma nem de coração. O que mede o quanto você é gente, é quantas vezes por dia você sorri, quantas coisas boas você faz por quem você ama, quantas risadas você consegue arrancar, quantos olhares alegres você ajuda a nascer. Quando todos nós entendermos que fazemos parte do mesmo universo, e mais, somos parte uns dos outros, essa estupidez vai ser perdida no tempo. Somos todos partes do mesmo todo, portanto não podemos nos julgar, já que no fundo somos todos absolutamente iguais. Não de índole, nem de coração - mas de carne, pele e osso. Morreremos todos quando nosso coração parar de bater, e nascemos todos quando este começou a bombear sangue ao nosso corpo. E onde está a diferença? Só nos olhos de quem realmente quer ver. Por isso, o ideal para a prosperidade do mundo é darmos todos as mãos, e quanto mais coloridas e distintas forem essas mãos, veremos a beleza da diversidade do nosso mundo, que é composto de tantas belas distinções de raças, culturas, jeitos, trejeitos, olhares, sorrisos, peles, cabelos... Todos diferentes, no seu jeito peculiar de ser. Sendo e respeitando uns aos outros, ressaltando sempre as qualidades pertencentes à cada um de nós.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

A volta dos que não foram ...


O título do texto parece falar de algo humorístico, e infelizmente, fala sobre algo totalmente contrário a isso. Sei que já falei aqui sobre o Brasil, ressaltei defeitos e qualidades do povo, como costumo fazer em todos os textos. Mas nesse, eu não vejo sequer um lado que possa ser chamado de positivo. Começando por um erro que é intrínseco na política brasileira: o cargo mais alto dessa política, a Presidência da República, não exige formação escolar, nem ficha policial limpa. Na parte que diz respeito à escolarização, nem podemos dizer tanto, pois o nosso presidente conseguiu assumir o país tendo um bom desempenho, durante esses anos. Na minha opinião, foi até o melhor governo depois do de Vargas. Agora, tratando-se da ficha limpa... Como fica uma sociedade quando para pra pensar que, quem vai governar o país, é um bandido? Que exemplo estaremos dando? Porque se a pessoa que temos que respeitar e muitas vezes concordar com suas escolhas, tem uma ficha criminal absurdamente completa, não temos obrigação de termos a nossa ficha totalmente ilesa, não é mesmo? E, na linguagem vulgar, "pau que nasce torto, NUNCA se endireita". Não tem essa de passado; quem rouba uma vez, pelo motivo que for, vai roubar PRA SEMPRE. Seja do povo, seja do governo. É crucial que tenhamos um exemplo a seguir, e nesse âmbito, dependendo de quem ganhar as eleições, não teremos. Em 1964 o Brasil foi vítima de um terrível golpe militar, que desencadeou num regime, que por sua vez torturou o país por 21 anos consecutivos. Foram anos de intenso medo, sofrimento, por todas as partes. O militarismo tomou conta de todos nós e deixou muitas marcas, muitas lágrimas, e muitos relatos que nos possibilitam enxergar como nosso país já sofreu e já lutou pela liberdade e democracia. Por mais que alguns historiadores digam e até afirmem que o golpe foi armado pela CIA (cuja suposição eu não duvido nada que esteja certa), ele foi consolidado pelos militares pertencentes à nossa nação, e é incrível, e mais ainda, doloroso, pensar que pessoas possam agredir, humilhar, torturar tantas vezes seus próprios conterrâneos, sendo todos filhos da mesma pátria. A ditadura teve em si 4 presidentes, sendo esses 'partidários' de duas alas: uma mais radical, a outra mais moderada (que também não deixava de ser radical). Foram promulgados 17 atos institucionais, entre os quais só 5 são citados nas aulas de história, acredito eu, por proibição política; e os 5 que que são normalmente divulgados, já pregam absurdos, que chega a dar aflição só de parar pra ler. Portanto foi um período bem difícil para todo o povo brasileiro da época, e ainda há vestígios disso nos livros, nos documentos, nos estudos, e principalmente nas pessoas. E isso é o que me preocupa. No governo do nosso atual presidente foram feitos três Programas Nacionais de Direitos Humanos (PNDH); o terceiro e último, por alguns de seus itens e por erros de percurso, gerou muita polêmica. A nossa quase atual (seu mandato terminou em 31 de março deste ano) ministra-chefe da Casa Civil e canditata à presidência pelo Partido Trabalhista (PT), tem por função assessorar diretamente o chefe do poder executivo, e dentro dessa função cabe verificar todo conteúdo que vai parar na mesa do Presidente, incluindo todos os programas de direitos humanos. Como já esperado, desta vez a nossa digníssima ministra não cumpriu sua função, encaminhando o programa ao presidente sem avaliá-lo antes; visto isso, vários assuntos no programa geraram intensa polêmica, como aborto, a imprensa, união civil de homossexuais, dentre outros. Entre estes, também temos um assunto que aborda o Regime Militar. O programa criaria uma Comissão da Verdade pra investigar os violadores dos direitos humanos, os torturadores militares, porém, não visava punir os terroristas de esquerda que também mataram em vigência do regime. Além disso, o plano defendia a revisão da Lei da Anistia de 1979, com a punição dos culpados e a proibição do uso do nome de presidentes militares em ruas, escolas, monumentos, etc. Daí, já podemos imaginar o que vem a acontecer adiante. A proposta foi considerada revanchista pelos ministros militares, que haviam entrado num acordo com a Secretaria Especial dos Direitos Humanos para que a Comissão da Verdade só apurasse os 'crimes' cometidos durante a ditadura. Diante disso, todos os militares que estavam envolvidos na ditadura e hoje em dia ocupam cargos políticos, ameaçaram renunciar a seus cargos caso esse item do programa fosse realmente promulgado. Isso foi apenas uma contextualização. Hoje, movida pela conversa com uma super amiga que também se interessa muito pelo assunto, comecei a me tocar de algo que ainda não tinha parado pra pensar. Sabemos todos que a candidata do PT já não é flor que se cheire, por zilhares de motivos. A maioria de nós tem ciência de sua ficha criminal, e partindo por esse ponto, já não é uma boa a ter como presidente da república. Comecei a pensar por um outro lado, TAMBÉM negativo: senhores, algum de vocês consegue imaginar algum tipo de militar batendo continência para uma mulher que enche o peito pra falar da sua antiga função de militante? Para uma mulher que tecnicamente aprovou o PNDH que queria punir os militares? Em todos os seus discuros ela faz questão de ressaltar sua militância heróica, porque, no ruim de tudo, a única coisa que ela já fez de bom na vida foi lutar contra a Ditadura; porém... Para isso, é claro que ela não utilizou de artifícios honestos. Como toda boa charlatã, sua ficha é repleta das palavras 'assalto', e consta também 'planejamento assassinato', assim como também é citada o momento de sua prisão. Na Ditadura, iniciou na militância e passou pra luta armada integrando movimentos como o Comando de Libertação Nacional (COLINA) e a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR Palmares), ficando presa quase 3 anos, onde passou por sessões de tortura. Não é que seja errado ser democrático e lutar pelo país, jamais. Mas ela errou muito. E errou feio. E mais uma vez, o nosso país vai pagar por isso se essa mulher for eleita. As intervenções militares acontecem geralmente de 15 em 15 anos, (de 10 a 15 pra ser mais exata), e tem 25 anos que estamos livres da Ditadura. O medo me congela quando eu penso num tipo de uma quase guerra civil, do Executivo com as Forças Armadas. O povo vai suportar isso mais uma vez? Esse texto é um apelo aos maiores de 16 anos, aos que participam das votações. Por favor, leiam as propostas, e analisem se vale a pena. Ela não tem o menor preparo pra governar uma nação; é desonesta, mentirosa, e além de tudo sua nomeação como presidenta vai acarretar em problemas GRAVES para o nosso país. O maior medo que invade meu ser é essa volta, a volta dos que nunca foram embora; só estão lá, escondidos, esperando o país ficar desorganizado, instável, como em 1960, para terem mais um pretexto pra ter que intervir no governo e na política. Eu imploro, não deixemos que isso aconteça. Seja o que Deus quiser, e o povo também.